"... Eu caminhei, caminheirê, caminheirê caminherá, eu caminhei 70 léguas para chegar nesse Congá..."
Preto velho Pai João de Minas.
"Valei-me Santas Almas do Além, que por Deus abençoado, só pratico o bem, ilumina a minha estrada, ilumina a minha vida, da tudo a quem não tem nada e prosperidade a quem já tem."
No dia 13 de maio, é comemorado a libertação dos escravos, dia de Nossa Senhora de Fátima, um dia de muita importância para quem é do "pé no chão", para quem é do "branco".
Sempre é bom relembrar, que não adianta fazer a caridade por fazer, a caridade tem de vir acompanhada por amor, por vontade de ajudar, por isso aproveito para homenagear as almas do jeito que elas gostam, na simplicidade da escrita, lembrando os filhos de fé da sua verdadeira obrigação.
As vezes a maior caridade é apenas escutar. Sabemos que muito procuram nossos guias para casos que muitas vezes não podemos resolver, pois não nos cabe, e sim cabe a lei do merecimento. Não somos os "resolvedores" de determinadas questões, mas em muitos casos, só dos nossos guias escutarem os consulentes, já estamos praticando caridade.
Nossos guias, principalmente os pretos velhos, dizem que devemos respeitar as pessoas, não julgar seus problemas, pois cada um tem a sua dor, e é pela dor que muitos de nós começamos na Umbanda.
Devemos sempre lembrar que um dia também fizemos parte da assistência e ainda fazemos, nossos guias incorporam e nos tratam também. Se deixarmos o coração livre, naquele momento de entrega, eles, com amor, nos ajudarão. A palavra aqui é confiança, doar amor, sem nada esperar. Um momento de troca, um momento de fé.
Para conseguirmos ajudar, devemos ter conduta, devemos ter respeito. Nada de julgamentos. Quem nos procura, procura aflito, doente da alma e do corpo, muitas vezes sem fé e respeito por aquilo que fazemos, mas mesmo assim, o medo de estar com algum tipo de feitiço, ou devendo algo para sua consciência, fala maior, e é ai que entramos, com exemplo do bom, da virtude paciência, com o exemplo de doar aquilo que Deus nos deu, nosso dom mediúnico.
No final tem um texto lindo para ser lido e refletido! Asé...
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"... reza meu fio, que passa. Entrega seu coração ao sinhô Deus do céu e da terra, que ele sabe de tudo, nois meu fio é só um pedacinho dele, e zum cê também é fio, é que ocê num credita, mas credita sim, que ocê vai vê a diferença fio..."
A prece é uma invocação. Por meio dela pomos o pensamento em relação com o
ente a quem nos dirigimos. Ela pode ter por escopo, um pedido, um
agradecimento ou uma glorificação. Vamos, juntos, pedir a presença do preto-velho na nossa vida, pedir a Deus que os ensinamentos em suas giras, se firmem em nossos pensamentos e possamos sair com dignos medianeiros da Umbanda, espiritos em evolução.
Prece aos pretos velhos.
Elevo meus pensamentos aos céus é peço a intercessão de Nossa Senhora, que seu manto me cubra de proteção aqui e agora, que essa proteção se estenda sobre todos os meus companheiros desta jornada espiritual.
Agô, minhas Santas Almas Benditas, agô meu preto velho, que seu rosário reflita em mim, a sua luz para me guiar.
Que sua pemba, seja o risco do ponto que equilibra a minha vida, que nesse momento seja traçado o meu caminho certo para todos os momentos.
Que sua compreensão, seja a minha compreesão ao próximo.
Aos pés da Santa Cruz, eu me curvo perante aos pretos-velhos, que ontem se curvaram, e clamo por.............. (nome do preto velho), mensageiro de Jesus, traga a todos os presentes a esperança, a liberdade, amor e muita sabedoria.
Obrigado(a) pelo dia de hoje! Que assim seja... axé!
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Agora a parte mais importante que preto velho sempre nos recorda, nossa conduta nos trabalhos espirituais.
O sucesso dos trabalhos efetuados em uma sessão espiritual depende, em grande parte, da concentração e da postura de médiuns e assistentes presentes, então tente seguir abaixo um "cadinho" desses conselhos.
a) Escute muito, observe muito e fale pouco. Não seja impulsivo. Domine-se. E quando o fizer, que seja para conciliar, amparar, mas sem ferir o ponto fraco de ninguém.
b) Não alimente vibrações negativas, como: ódio, rancor, inveja, ciúmes, etc. E nunca perca seu tempo, para não disperdiçar suas energias neuropsóquicas, na tentativa de convencer um fanático, um arrogante, ou pretencioso, seja de tal ou qual setor, mormente do religioso.
c) Não tente impor seus dons mediúnicos, ressaltando sempre os feitos de seus guias ou protetores. Tudo isso pode ser problemático, e não se esqueça de que pode ser testado, ter desilusões, até porque, se tiver mesmo dons e poderes, eles saltarão, e qualquer um logo perceberia. Isso o "zé-povinho" cheira de longe.
d) Não mantenha convivência com pessoas más, invejosas e maldizentes. Isso é importante para sua aura, a fim de não ficar sobrecarregado com "as larvas ou piolhos astrais" desse tipo de gente. Tolerar a ignorância não é partilhar dela.
e) Tenha ânimo forte, através de qualquer prova; confie, espere, mas se movimente (...).
f) Não tema ninguém, pois o medo é prova de que está com algum débito oculto em sua consciência pedindo reajuste.
g) Não conte seus "segredos" assim, a um e a outro, pois sua consciência é o templo onde deverá levá-los a julgamento: todavia, deve saber identificar um verdadeiro amigo, e o faça seu confidente. Isso é bom. Ninguém de ficar "remoendo" certas coisas na consciência.
h) Lembre-se sempre de que todos nós erramos, pois o erro é humano e fator ligado à dor, à provação e, consequentemente, às lições com suas experiências. Sem dor, lições, experiência, não há carma, não há humanização, nem polimento íntimo - o importante é não reincidir nos mesmos erros. Passe uma esponja no passado, erga a cabeça e procure a senda da reabilitação e aprenda a não se incomodar com o que os outros disserem de você; geralmente aquele que fala mal de outro tem inveja, despeito ou uma mágoa qualquer.
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Durante uma sessão um filho chegou a um dos pretos velhos e perguntou:
- Meu pai, por que vocês que são espíritos tão evoluídos precisam das oferendas?
E o Preto Velho respondeu:
- Não somos nós que precisamos, são vocês.
E o filho indaga:
- Mas pai, porque nós?
- Porque vocês não tem fé. - Responde o Preto Velho.
- Mas pai, eu to aqui na frente do senhor, acredito no senhor e você me diz que não tenho fé.
- Sim, responde o Preto, vocês não tem fé, porque se tivesse fé não estariam desesperados e não estariam aqui. Simplesmente acreditiriam que as coisas iriam dar certo e elas aconteceriam.
- Mas Preto, o que tem a ver a fé com o fato das oferendas.
- Zi fio, vocês estão em um plano material, e precisam, para poder acreditar, algo paupável, algo material. Por isso pedimos pra acender vela, por isso pedimos as oferendas. Porque elas são simplesmente a materialização da energia, pensamento, intensão de vocês. Só assim vocês acreditam. Só assim podemos agir na fé de vocês.
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O Filósofo e o Preto Velho
Certo dia, um filósofo adentra a uma tenda de umbanda e senta-se no
banquinho de um preto velho. Sua intenção era questionar, investigar;
enfim, experimentar. Ao se sentar, o preto velho já sabia o que ele
queria, mas mesmo assim saudou-o gentilmente e perguntou em que poderia
ajudar.
O filósofo respondeu:
Meu preto velho, na era da biotecnologia vemos os cientistas avançarem
cada vez mais nas pesquisas referentes à manipulação do material
genético humano. Além disso, estamos na era do multiculturalismo, de
forma tal que a diversidade, inclusive no sentido intelectual, se faz
cada vez mais presente.
Pergunto eu: - o que pode um preto velho dizer sobre assuntos de tamanha complexidade?
Preto Velho, com toda sua calma, respondeu gentilmente ao filósofo:
Misin fio, vós suncê (Sic) tem palavra bonita na boca, por causa de que
tu és homem letrado (Sic). Nego véio cá, num estudou nem escrevinhou
essas coisa. Mas daqui do meu cantinho, aonde os ventos de Aruanda tocam
em meus ouvidos, recebo as notícias que vem da Terra. Vejo também com
meus próprios olhos e presencio as lágrimas e sorrisos que brotam como
flores e espinhos no âmago de meus filhos.
Vou dizer a vós suncê uma coisa. Esse bicho chamado “biotecnologia”, eu sei muito bem como funciona.
Misin fio, [bio] vem do grego “bios” = vida. ”Téchne” e “Logos” também
vem do grego, fio. Logo, biotecnologia é o conhecimento sobre as
práticas (manipulação) referentes à vida. Assim sendo, nego véio é a
favor de tudo que respeita a vida e que é usado para o bem. O bem, não
só de si mesmo, mas da humanidade. Uma faca pode ser uma ferramenta de
cozinha e ajudar a preparar um alimento. No entanto, a mesma faca pode
ser uma arma a machucar alguém. Não é a ferramenta, mas sim o que se faz
com ela que torna perigosa a humanidade.
Pasmo, o intelectual não sabia o que dizer, tamanha sua surpresa sobre
tão sábias palavras. E não só isto, o conhecimento até sobre a origem
das expressões que vem do grego, que aquela humilde entidade possuía.
Por alguns segundos sentiu um misto de inveja e indignação, uma vez que
pensou ser mais conhecedor sobre as coisas da vida que o Preto Velho.
Daí então indagou:
Você acha que suas opiniões podem superar a luz da ciência?
Este, respondeu:
Fio, o que nego véio fala, nego véio comprova, pois este nego vivenciou.
Caminhou na terra que vós suncê pisa hoje. Sorriu, chorou, se
emocionou, amou. Conviveu com homens de bem e também com homens do mal.
Fez suas escolhas e por isso é hoje um espírito guia. E só pude aqui
chegar porque acertei na maioria das escolhas que fiz. Naquelas em que
não acertei, tive que vivenciar novamente, até aprender. Assim como vós,
na Terra. Quanto aos estudos (risos), esse nego véio aqui não
frequentou escola na última encarnação. Mas, das muitas encarnações que
tive, eu estudei, me formei e, em algumas delas me doutorei. A medicina
chinesa, a filosofia grega, a sabedoria hindu; tudo isso fez parte da
minha evolução. Da matemática egípcia até os estudos astronômicos de
Galileu pude aprender.
E depois de aprender tudo isso, sabe qual o maior ensinamento que obtive misin fio?!
A ter h –u- m- i- l- d- a- d- e.
Por isto, doutor, vós me vês na aparência de um velho escravo
brasileiro, semeador das raízes deste lindo país chamado Brasil, terra
da diversidade, da multi culturalidade.
Que cada um formule a sua moral da história.
Porém, questione seus conhecimentos e veja se estão alinhados com os
propósitos de simplicidade. Pois sem ela, não se faz jus a benção do
saber.
Autor desconhecido
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